O termo “tecnoestresse” se refere à percepção aumentada de estresse devido ao excesso de estímulos tecnológicos. É importante deixar claro que as tecnologias são excelentes e muito úteis em inúmeras ocasiões (aprendizagem e relações sociais, por exemplo). O problema está relacionado ao seu uso disfuncional ou inadequado, que pode nos levar à sensação aumentada de “estresse” associado ao excesso de estímulo.
Uma das causas do tecnoestresse é o que chamamos de “hiperconexão” ou estar “hiperconectado”. Isso acontece quando ficamos por um tempo muito prolongado conectados aos estímulos tecnológicos, por exemplo ao usarmos as redes sociais em excesso. Muitas pessoas adquirem inclusive “dependência tecnológica”, tendo até sintomas de abstinência quando estão longe do seus smartphones (parecido com o que acontece com os dependentes químicos). Podem surgir sintomas do tipo irritabilidade, tédio, tensão ou mesmo depressão.
Alguns sinais de que estamos nos tornando dependentes: preocupação excessiva com a internet (“ruminando” ou “remoendo” o que fizemos na última conexão, ou antecipando a próxima); tolerância (ter que aumentar constantemente o número de horas na internet para ter o mesmo nível de prazer ou satisfação); cobrança pessoal constante (ou de amigos) para “ter que diminuir” as horas na rede; continuar usando mesmo por longos períodos mesmo reconhecendo o uso como “problema” (não conseguir parar); e perda do interesse em outras atividades de lazer ou trabalho, para poder estar mais tempo na internet.
Algumas características das redes sociais podem piorar a situação, como os “feeds”, que nos levam a necessidade crescente por “novidades”, para estarmos sempre atualizados; ou as “curtidas” ou “likes”, que ativam o sistema dopaminérgico, o mesmo da dependência química por drogas. Assim, estamos sempre buscando por novidades ou por novos “likes”, o que aumenta a nosso tempo nas redes desnecessariamente, em especial quando não estamos “mindful” (conscientes) de todos esses aspectos.
Outros dois problemas são igualmente relevantes: a ausência de limites entre a vida pessoal e profissional; e o fato de estarmos num mundo “disruptivo”. A ausência de limite é consequência do fácil acesso às tarefas de trabalho via internet e tecnologias como as redes sociais. Assim, “chegamos em casa” e muitas vezes continuamos a trabalhar, incluindo finais de semana. A produtividade aumenta, mas perdemos a capacidade de “recuperação” (“recovery”), ou seja, temos menos tempo “sem fazer nada” e para relaxar, e com o tempo podemos chegar à exaustão física e emocional.
O mundo “disruptivo” se refere a um mundo em constante mudança, em especial devido às novas tecnologias. Assim, temos menos “certezas” e sensação de controle em relação ao futuro, tudo muda muito rapidamente. O problema é que quanto menos temos sensação de controle de nossa vida, maior é a percepção de estresse, então o mundo “disruptivo”, apesar de fascinante do ponto de vista tecnológico, nos leva a mais sensação de estresse, infelizmente.
Para todas essas paradas ou ‘pausas” podemos usar a prática dos 3 passos de mindfulness, que é uma ferramenta muito útil para o uso mais racional da internet.
Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.
Para saber mais:
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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