A palavra “compaixão” gera muita confusão em português, sendo frequentemente confundida com “piedade” ou “dó”, o que implica
num sentimento de superioridade em relação à pessoa que está mal. Por outro lado, a compaixão tem entrado cada vez mais na
medicina e psicologia como uma ferramenta para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, cada vez mais valorizadas nas comunicações interpessoais, em especial no ambiente de trabalho (é uma das bases do que chamamos de inteligência emocional).
A psicologia moderna define a compaixão como “o sentimento que surge quando se testemunha o mal-estar (sofrimento, estresse) do outro (ou o próprio), e que gera a motivação ou desejo de ajudar (ou de se cuidar)”. A compaixão então é vista como uma “motivação” (não uma emoção) que orienta o comportamento humano. Esta definição é muito semelhante aos conceitos descritos na filosofia budista.
Podemos entender melhor a importância da compaixão, compreendendo seus 3 componentes da autocompaixão, segundo a
pesquisadora Kristin Neff:
Assim, aplicando a compaixão a nós mesmos (autocompaixão), seria a possibilidade de entender nosso mal-estar ou sofrimento de outra perspectiva, com menos culpa e autocrítica. A culpa excessiva é a base do chamamos de “ruminação” (remoer interno), que é base de quadros como depressão e ansiedade.
Aplicado aos outros, seria a possibilidade de entender que o que a outra pessoa está sofrendo ou sentindo é algo compartilhado por todos nós, ou seja, da natureza humana, gerando uma relação mais horizontal, permitindo que se abra espaço para a motivação de ajudar (e não apenas sentir pena).
O lado mais difícil seria a compaixão pelas pessoas com as quais temos algum conflito, mas é isso é possível e treinável. O caminho é entender que o sofrimento que as pessoas eventualmente podem nos gerar, também não é pessoal, mas sim fruto da própria condição de vida da pessoa. A ideia é que qualquer pessoa com a mesma história de vida agiria de maneira parecida (assim como nós geramos sofrimento a outras pessoas de maneira voluntaria ou involuntária). Entendendo desde essa perspectiva, podemos gerar menos emoções negativas frente às essas pessoas, e praticar a compaixão. No fim, nós mesmos seremos beneficiados, já que teremos menos mal-estar proveniente das emoções destrutivas como a raiva e ódio.
Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.
Para saber mais:
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de
Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos,
informações em inglês)
Fonte – Uol
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