Mindfulness ou atenção plena descreve uma capacidade humana inata que nos permite, entre outras habilidades, focar no que estamos fazendo nesse momento (por exemplo, acabar de ler esse texto sem ter que voltar uns parágrafos atrás pelo fato da
mente “ter viajado”).
Porém essa capacidade é cada vez menos explorada hoje em dia, tempos nos quais o mais habitual é realizar múltiplas tarefas simultâneas, em geral no “piloto automático”, sem muita atenção no que estamos realmente fazendo. Por exemplo,
quando comemos enquanto assistimos à televisão, ou quando caminhamos falando ao celular.
A boa notícia é que a atenção plena pode ser treinada e aprendida, e esse é o objetivo das técnicas e programas baseados em mindfulness. Mas a pergunta que fica é se esses treinamentos realmente funcionam, e na sequencia apresento alguns
dados sobre essa questão.
Quando começamos a praticar mindfulness, um dos primeiros fenômenos detectados é a variabilidade de nossa atenção, ou seja, o quanto ela é instável (a perdemos com frequência, aproximadamente 47% do tempo). Então, a instrução básica de mindfulness é levar a atenção à respiração ou ao corpo e mantê-la, mesmo que ela obviamente se disperse em poucos segundos – e quando isso acontecer, deveremos trazê-la gentilmente de volta ao presente.
As pesquisas revelam que com esse tipo simples de treinamento realmente ocorre um aumento na capacidade de manter a atenção em um objeto por períodos de tempo mais longos (a mente fica menos tempo dispersa), e os praticantes regulares de mindfulness apresentam melhores respostas em tarefas cognitivas atencionais.
De fato, os efeitos positivos de mindfulness na atenção fazem com que muitos profissionais de saúde considerassem seu potencial no tratamento de condições clínicas como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, embora ainda faltem mais estudos nesse tema.
Além disso, dificuldades em manter a atenção foram identificadas em múltiplos transtornos psicológicos como a depressão e o transtorno bipolar, e parte da eficácia dos treinamentos em mindfulness nesses transtornos está relacionada à importância da melhora da atenção na articulação de uma grande variedade de processos de autorregulação emocional, e diminuição da ruminação mental.
Vamos praticar?
Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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