POR QUE O ESTRESSE CRÔNICO PODE NOS LEVAR A COMER MAIS?

22 de abril de 2019

A resposta aos fatores de estresse (ameaças externas ou emoções negativas) pode ser ativada em duas direções, por um lado, um aumento na ingestão de alimentos no estresse crônico, ou, por outro lado, uma diminuição da sensação de fome no estresse
agudo.

Dessa maneira, a percepção aumentada de estresse é o principal fator ativador desse processo bidirecional. Por exemplo, o estresse agudo leva a alterações fisiológicas e psicológicas que promovem a diminuição momentânea do apetite e o aumento da
frequência cardíaca e da pressão sanguínea, para direcionar o sangue para os músculos, coração e cérebro. Isso permite uma melhor resposta àquela ameaça ou emoção.

Assim, a resposta habitual a uma emoção ou ameaça intensa e aguda, consiste em uma redução da ingestão de alimentos, devido ao fato de que as contrações gástricas (estomacais) são inibidas para permitir a liberação de açúcar no sangue, e assim a pessoa pode responder mais adequadamente àquela ameaça externa ou emoção intensa.

Este processo evolutivo que permite responder às ameaças internas (emoções negativas) e aos perigos do ambiente ocorre via um sistema fisiológico que chamamos de “hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA)”. Esse é o mesmo sistema que colabora com a regulação do equilíbrio fisiológico do corpo em geral, como também da regulação do peso corporal (regulando a fome e a saciedade).

No caso do estresse crônico, o mesmo sistema é ativado, mas a resposta é diferente. Quando ocorre uma exposição continuada (crônica) a níveis elevados de estresse, o sistema HPA é “hiperativado” continuadamente, elevando, por exemplo, a produção
crônica do cortisol, que é considerado o “hormônio do estresse”.

O cortisol estimula a produção de tecido adiposo visceral, o que leva a um aumento na gordura corporal e na ingestão de alimentos. Isso ocorre devido a um incremento na sensação de fome, e na “vontade” específica de comer alimentos ricos em açúcares e gorduras.

Esses tipos de alimento fornecem uma alta densidade calórica e alteram, por sua vez, o sistema de saciedade. Ou seja, entramos num círculo vicioso de aumento da fome para alimentos calóricos, e, ao mesmo tempo, temos menos sensação de saciedade, e assim, frente ao estresse crônico, habitualmente ganhamos peso via aumento da gordura corporal.

Como sabemos, o manejo do estresse (agudo e crônico) pode ser alterado por meio do treinamento de mindfulness, o que acaba quebrando o círculo vicioso que apresentei, levando a um reequilíbrio da ingesta alimentar via o melhor gerenciamento do estresse.

Além disso existem programas específicos para o comer mais consciente, que chamamos de Mindful Eating, que além de nos ajudar no manejo do estresse em geral, apresenta técnicas especificas para o desenvolvimento do comer consciente, com
aplicações também em casos mais complicados como os transtornos alimentares, em especial relacionados à compulsão alimentar (saiba mais clicando aqui).

Vamos praticar?


REFERÊNCIA:

Garcia-Campayo, Morillo, Lopéz-Montoyo & Demarzo. Mindful Eating. El Sabor de la Atención. Editoral Siglantana, 2017.


PARA SABER MAIS SOBRE MINDFULNESS

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidadede Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

Fonte – UOL

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