Qual a atitude correta para praticar a atenção plena (mindfulness)? Podemos resumir os seguintes pontos:
Este é um dos aspectos mais importantes na tradição budista e se denomina, em japonês, mushotoku. Não devemos ter nenhuma expectativa concreta ao praticar mindfulness, e apenas querer observar e descobrir a realidade tal como ela é, e não como gostaríamos que fosse. Dado que a meditação é um processo de observação participativa, nossas expectativas modificam a realidade. Assim, se tivermos uma expectativa pré-definida de como queremos que nossa meditação aconteça, já estaremos distorcendo a realidade.
Deixe um pouco de lado o pensamento conceitual (“mente narrativa”), pois nossos pensamentos não são a realidade. A realidade é eminentemente experiência pura, direta, sem palavras. Os conceitos e argumentações não são mais do que obstáculos na observação da realidade como ela é. Julgamentos do tipo “bom/mau”, “gosto/não gosto”, “a prática de mindfulness foi boa ou ruim”, revelam o surgimento de um pensamento conceitual, e nos dão uma dica para voltarmos à realidade direta, experiencial.
Tudo o que vier à mente será bem-vindo. Observe e aceite, na medida do possível, a natureza de seus pensamentos e emoções, por mais desagradáveis, negativos ou constrangedores que lhe pareçam. Não se julgue nem se critique por ter tais pensamentos, ou pelos fracassos que teve na vida e que poderão emergir na meditação.
Não é preciso forçar nada na meditação ou fazer uso do esforço excessivo. O esforço deve ser contínuo, porém tranquilo e suave.
Não rejeite nada que apareça na mente, sobretudo eventos negativos, tampouco se “grude” aos positivos. São dois lados da mesma moeda. Se você se apegar ao positivo, tenderá a rejeitar o negativo, já que desde o momento em que há julgamento, surge o apego ao “positivo” ou a aversão ao “negativo”. Flua com tudo o que vem à mente, “surfando” os fenômenos mentais sem se deixar agarrar por eles.
Um dos elementos-chave de mindfulness é a atitude de compaixão, gentileza e amabilidade que devemos ter perante nós mesmos. Não precisamos nos irritar por perder a concentração ou pelo surgimento de qualquer tipo de pensamento ou emoção, isso é parte da natureza da mente. Nas tradições orientais, a mente é comparada a um macaco ou a uma criança pequena. Quem teria raiva de um macaco ou de uma criança pequena por suas travessuras? Eles não são responsáveis por seus atos. Tampouco a mente é responsável. Pensar continuamente é sua natureza.
Deveríamos ser capazes de experimentar cada nova situação ou relação interpessoal como se fosse a primeira vez que a vivemos, ou seja, livres da lembrança de nossos estereótipos e preconceitos. Assim, cada prática de mindfulness traz, na realidade, uma nova experiência e precisamos estar abertos e curiosos em relação a tudo que vivenciamos no dia a dia.
Os estudos mostram que uma prática regular de 15 a 20 minutos por dia começa a produzir mudanças psicológicas significativas em torno de 8 a 12 semanas. Entretanto, não devemos ter pressa. As coisas importantes na vida são obtidas apenas de forma gradual.
Vamos praticar?
Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina,Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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