A aplicação de mindfulness (atenção plena) para as crianças pode melhorar a concentração, a criatividade, e ajudar na regulação de emoções difíceis
Assim como treinamos os músculos e a capacidade aeróbia com a prática esportiva, também podemos treinar a capacidade de atenção plena (mindfulness) em crianças.
O treinamento de mindfulness nessas faixas etárias pode ajudar a reduzir o estresse, aumentar o bem-estar, promover a aprendizagem adequada, e melhorar as relações interpessoais com os colegas e com os próprios pais.
A atenção plena pode então ser considerada como uma das bases para o desenvolvimento humano, e tem cada vez mais aplicada por escolas nos processos educativos na infância, e também na adolescência.
Alguns benefícios baseados em pesquisas recentes são em três níveis, físico, emocional e cognitivo:
O ideal é que as crianças participem de um programa estruturado, com um instrutor certificado para trabalhar com essa faixa etária. Muitas escolas, púbicas e privadas, têm ofertado essa opção dentro dos currículos.
Podem ser usadas tanto “práticas formais” quanto “práticas informais” de mindfulness. As primeiras envolvem técnicas para se treinar a atenção intencionalmente em um ponto de ancoragem (treinamento atencional), enquanto as práticas informais envolvem trazer o estado mental de atenção plena para a vida diária, por exemplo, comer, conversar com alguém, ou se vestir com atenção plena.
Abaixo, eu explico sobre 2 práticas formais (técnicas) que podem ser realizadas de maneira simples e segura com crianças (entre 7 e 11 anos), e podem ser aplicadas pelos próprios pais, se eles se sentirem confortáveis para tal.
Antes de começar, deve-se orientar a postura, sentada ou em pé, com o corpo estável (“como uma montanha”) e ao mesmo tempo relaxado, confortável. Os olhos ficam preferencialmente fechados, ou alternativamente, semiabertos, com a focagem relaxada.
Nessa prática a ideia é observar os sons da respiração. As crianças podem imaginar que estão no mar e que a respiração são as ondas, que se aproximam e se afastam da costa. O convite é para elas “possam ouvir seu próprio mar” enquanto respiram. O ideal é que se pratique num lugar mais silencioso, e que não se modifique o ritmo natural da respiração (deixar sempre a respiração livre).
Nessa prática, bastante simples, e orientando também à criança que a respiração permaneça no ritmo natural (sem modificá-la), pede-se para ela contar quantas respirações observa em aproximadamente 1 minuto, sugerindo que conte as respirações sempre quando ocorre uma expiração (saída do ar).
As práticas devem ser feitas regularmente, se possível; e devem ser de curta duração, de 1 a 2 minutos no máximo cada exercício, sempre respeitando os limites e possibilidades de cada criança.
E os pais podem e devem idealmente praticam juntos, beneficiando-se também dos exercícios, além de se criar uma excelente oportunidade para se estar um tempinho a mais conectado com os filhos.
Vamos praticar?
Se você tem alguma dúvida ou curiosidade sobre mindfulness, atenção plena, ou neurociência do comportamento, por favor me escreva que terei prazer em abordar seu tema em textos futuros: demarzo@unifesp.br
Referência
García-Campayo, Demarzo & Modrego-Alarcón. Bienestar emocional y mindfulness en la educación. Madrid: Alianza Editorial, 2017.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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