Aprender mindfulness não significa apenas aprender a meditar

28 de novembro de 2019

 Os treinamentos em mindfulness (atenção plena) incluem algumas técnicas de meditação, mas os objetivos são muito mais amplos que apenas aprender a meditar

Aprender mindfulness (atenção plena), por exemplo, num curso de 8 semanas, não significa aprender a meditar, como se costuma pensar.

Significa, na verdade, que ao treinarmos regularmente mindfulness vamos aprender a estar um pouco mais conscientes e menos reativos e impulsivos ao estresse do dia a dia, usando o estado mental de atenção plena como ferramenta.

Mindfulness é um dos estados de nossa mente, acessível a qualquer um de nós, mas pouco utilizado hoje em dia. Podemos entendê-lo como a mente num estado de atenção (foco) no que se está fazendo ou vivendo (usando de preferência todos os 5 sentidos), incluindo a melhor percepção de nossos padrões mentais (pensamentos) e emoções.

Implica também numa atitude mental que chamamos de “mente de principiante”, que nos ajuda a manter uma observação curiosa e aberta frente à vida.

O estado de mindfulness seria então como um como um antídoto a viver desatento, no modo mental de “piloto automático” (aproximadamente 50% do tempo não estamos atentos ao que estamos fazendo), tendendo a reagir sem consciência às situações e
fatores de estresse e mal-estar.

 

Relação com a Meditação

Para se treinar esse estado mental temos várias técnicas (chamamos de práticas), e, entre as técnicas, a meditação é uma das mais utilizada para se treinar o estado mental de mindfulness.

Por outro lado, nem todos os tipos de meditação são usados para se treinar mindfulness, apenas aqueles que usam exercícios atencionais (treinamento da atenção), e que sejam simples e desprovidos de conteúdo religioso ou espiritual, pois a ideia é que sejam acessíveis a qualquer pessoa, independente de crenças e credos.

A técnica meditativa mais clássica e conhecida é aquela na qual usamos a própria respiração para o treino da atenção plena (chamamos de “mindfulness da respiração” – clique no link para aprender algumas dessas técnicas).

É curioso saber que algumas pessoas têm mais facilidade para entrar no estado de mindfulness, e as pesquisas mostram que aproximadamente 30% da capacidade de acessar mindfulness no dia-a-dia tem influência genética (depende de nossos pais).

A boa notícia é que 70% dessa capacidade é adquirida, ou seja, podemos treiná-la e cultivá-la usando técnicas e práticas específicas, como a meditação.

Portanto, a meditação é apenas uma das técnicas para se acessar e treinar o estado mental de mindfulness, umas das mais utilizadas, mas nem todos os tipos de meditação estão associados ao desenvolvimento de mindfulness.

Da mesma maneira, o objetivo final dos treinamentos em mindfulness não é (apenas) ensinar as pessoas a meditarem, mas sim que elas desenvolvam a capacidade de usarem o estado de mindfulness no dia a dia, e assim possam gerenciar melhor o estresse e desafios cotidianos, tendo mais bem-estar e qualidade de vida ao longo do tempo.

Vamos praticar?


Mande sua pergunta:

Se você tem alguma dúvida ou curiosidade sobre mindfulness, atenção plena, ou neurociência do comportamento, por favor me escreva que terei prazer em abordar seu tema em textos futuros: demarzo@unifesp.br

Referência

García-Campayo, Demarzo & Modrego-Alarcón. Bienestar emocional y mindfulness en la educación. Madrid: Alianza Editorial, 2017.

 

Para Saber Mais Sobre Mindfulness

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

 

Fonte – UOL



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