É relativamente comum que tenhamos situações que nos deixem com os “nervos à flor da pele”, ou seja, com um sentimento de perda de controle e grande nervosismo. Nessas situações é comum também agirmos de uma maneira bastante reativa, e pouco eficiente, com certa frequência piorando ou estendendo o problema desnecessariamente.
Sim, mas envolve um certo treinamento. A essência do processo é estar mais consciente do próprio estado mental e emocional durante essas situações, poder reavaliar e regular as emoções, e então responder de maneira menos reativa e mais eficiente. Isso é simples de falar, mas difícil de fazer, e por isso exige técnica e treinamento regular.
Um exemplo do dia a dia para ficar mais claro: acordamos pela manhã e temos uma conversa difícil como nosso parceiro. Saímos de casa carregando a emoção negativa daquela conversa, e chegamos no trabalho levando esse sentimento, mas sem nos darmos conta dele. Chegando ao trabalho, temos uma reunião desafiadora, e um colega nos sugere que precisamos melhorar em determinado aspecto. Ficamos nervosos com o colega e entramos numa discussão em voz alta, com acusações verbais sobre a falta de reconhecimento do nosso trabalho, etc.
Parece familiar? Nessa situação bastante comum a todos nós, podemos ver a relação entre uma emoção negativa gerada num contexto prévio (conversa difícil) com a reatividade excessiva a outra situação vivenciada naquele exato momento (reunião desafiadora), levando a um nervosismo exacerbado. Se pudéssemos estar mais conscientes dessas emoções e estados mentais antes de entrarmos na reunião, talvez a resposta ao colega teria sido outra, mais curiosa, gentil e produtiva.
As técnicas de mindfulness são uma ferramenta útil nessas situações, tanto para nos prepararmos previamente para enfrentá-las (conheça 3 técnicas para a prática regular de atenção plena clicando aqui), quanto para usarmos durante essas situações.
Uma maneira de usarmos mindfulness durante essas situações de nervosismo, além da prática regular prévia, é fazer uma pequena pausa ou espaço de consciência durante esses momentos desafiadores, por exemplo, usando a técnica de 3 passos (veja aqui como fazer esse exercício).
Essa pequena pausa (pode ser também, alternativamente, prestar a atenção em algumas poucas respirações) permitirá que percebamos em nosso corpo, por meio de sensações e sentimentos, o tipo de estado mental e emocional que trazemos de nossas experiências imediatamente anteriores. Podemos perceber, inclusive, contextos pessoais de longo prazo, como por exemplo uma tendência a ter uma visão negativa dos eventos de vida.
A partir dessa pequena pausa, poderemos perceber como esses contextos influenciam diretamente nossa experiência naquele momento específico de nervosismo, permitindo a melhor regulação da emoção e dos impulsos que surgirem, usando basicamente o “termômetro” do corpo. E permitirá também perceber o que aquela situação específica está nos causando naquele exato momento, podendo vivenciá-la no modo “mindful”, menos reativo, e mais eficiente.
Que tal tentar uma pequena pausa na próxima situação desafiadora que vivenciar?
Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? 100 preguntas-clave. Kairós Editorial, 2018 (in press). PARA SABER MAIS SOBRE MINDFULNESS www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP) www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol) www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
O post Técnicas de mindfulness para colocar em prática em situações de nervosismo apareceu primeiro em Mente Aberta Mindfulness Brasil.