Mindfulness é um estado mental no qual estamos presentes no que estamos vivenciando naquele momento, uma atitude curiosa e não crítica, que chamamos de “mente do principiante”. Esse estado mental nos permite perceber e desfrutar melhor aquele exato momento e facilita decisões e comportamentos menos reativos e mais conscientes. A atenção plena é acessível a qualquer pessoa, a qualquer momento, sendo considerado uma capacidade inata da mente humana.
Por outro lado, um estudo recente, realizado com aproximadamente 2.000 gêmeos, mostrou que existem pessoas que acessam esse estado mental mais facilmente e uma parte dessa capacidade de acessar o estado mental de mindfulness no dia a dia tem influência genética. Aproximadamente 30% de nossa capacidade de levar a atenção plena para as atividades cotidianas depende da genética. No futuro, teremos que investigar em mais detalhes quais são os genes que codificam essa ação.
A boa notícia é que 70% da capacidade de estar mais mindful no dia a dia é passível de treinamento, ou seja, podemos desenvolvê-la independentemente de nossa herança genética.
Como sabemos, uma das maneiras mais efetivas de treinar e desenvolver a capacidade de usar mindfulness em nosso cotidiano e obter seus benefícios (lidar melhor com o estresse, ler de maneira mais atenta, etc.) vem da prática regular das técnicas ou exercícios (conheça algumas, clicando aqui). De maneira didática, podemos dizer que essas técnicas são práticas meditativas simples, adaptadas ao contexto laico (não religioso).
Aqui, gostaria de reforçar a ideia de regularidade, pois as pesquisas mostram que sem a prática diária não conseguimos aumentar a capacidade de estar mais mindful no dia a dia. A regularidade permite a neuroplasticidade, ou seja, a adaptação de nosso cérebro ao treinamento de mindfulness, desenvolvendo áreas como a ínsula (consciência interna) e o córtex pré-frontal (ligado às funções cognitivas mais nobres, como a tomada de decisões e planejamento).
Na verdade, apesar das técnicas de mindfulness serem as ferramentas mais potentes que conhecemos até o momento, existem estudos que demonstram que existem outras estratégias possíveis. Por exemplo, compreender o conceito de “aceitação” (curiosidade e abertura as experiências) por meio de metáforas e exercícios cognitivos pode aumentar a capacidade de estarmos mais mindful no dia a dia.
Outras opções são alguns exercícios de neurofeedback, que tenham como objetivo o treino da atenção plena e novas tecnologias, como programas de Realidade Virtual que nos levam a cenários contemplativos, aparentemente também podem incrementar nossa capacidade mindful, permitindo o desenvolvimento de níveis consideráveis de atenção plena. Essas pesquisas inovadoras são muito iniciais e necessitam de mais desenvolvimento, mas abrem um novo caminho para o cultivo de mindfulness, usando a tecnologia a nosso favor.
Boas práticas!
Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? 100 preguntas-clave. Kairós Editorial, 2018 (in press).
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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