A metacognição (“observação de si mesmo”) não é algo habitual e descreve a capacidade de reconhecer o próprio estado mental (pensamentos, ideias e interpretações, e sentimentos e emoções associadas), lidando com o mesmo adequadamente.

Pessoas com uma boa consciência metacognitiva podem observar seus pensamentos e emoções como eventos mentais passageiros ou transitórios, em vez de vê-los como verdades absolutas. Isso tem repercussões muito importantes para a nossa saúde mental.

A metacognição é o oposto do que ocorre em certas patologias mentais, como a depressão, em que as pessoas tendem a “ficar agarradas” ao conteúdo negativo de seus pensamentos e emoções, e é considerada um dos mecanismos básicos para entender a efetividade de mindfulness (atenção plena – conheça mais clicando aqui). Já houve dúvidas sobre se a metacognição e mindfulness eram a mesma coisa, mas hoje eles são considerados sequenciais, ou seja, eu desenvolvo a metacognição a partir da prática de mindfulness.

Uma das bases principais dos exercícios de mindfulness é poder observar os pensamentos e deixá-los passar, e esse treinamento é possível a partir da ideia de “âncora”, ou seja, um ponto de apoio da atenção, por exemplo, a respiração. Assim, se a mente “divagar em pensamentos”, o praticante pode perceber e voltar com o apoio da “âncora”. Esse distanciamento em relação aos conteúdos mentais permite ao sujeito reconhecer a transitoriedade do próprio pensamento, levar em conta outras perspectivas e poder tomar decisões mais conscientes e menos reativas.

Assim, o processo de metacognição dá um papel ativo ao praticante de mindfulness, podendo ser protagonista na percepção e construção da realidade que está vivendo. Esse treinamento é o eixo central dos programas de mindfulness e está intimamente
relacionado ao aumento da sensação de bem-estar e à redução dos sintomas ansiosos e depressivos, evitando a “ruminação” mental (pensamentos repetitivos e autodepreciativos).

Vamos praticar?

Referência:

Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.

Para saber mais:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

Fonte – UOL