Ser policial ou oficial das forças armadas (militar) é das profissões mais estressantes que existe, incluindo o estresse organizacional e operacional. A exposição à violência e à morte, assim como a pressão para ser justo e eficiente em situações extremas, envolvendo risco de vida, piora muito essa condição.
A consequência são altas taxas de lesões, doenças físicas e psicológicas, em especial, o burnout (esgotamento profissional), a depressão e a ansiedade. Esses profissionais têm mais probabilidade de morrer por suicídio do que cumprindo o dever, e ter mais de 15 anos de profissão aumenta ainda mais essa chance.
Infelizmente é frequente que policiais e militares estejam expostos a esses fatores de estresse sem o devido preparo cognitivo, afetivo e comportamental, sofrendo ainda mais as consequências do estresse físico e psicológico crônicos, sendo comum os casos de enfermidades como o estresse pós-traumático. Somado a isso, é frequente também usarem estratégias ineficazes de enfrentamento do estresse, que muitas vezes podem piorar a situação, como o uso abusivo de álcool e drogas.
Como consequência, é comum que esses profissionais desenvolvam sentimentos e emoções negativas como a irritabilidade, a ira e a raiva, o que aumenta a impulsividade, e dificulta muito a tomada de decisões de forma racional, empática e ética.
Uma das primeiras instituições a incentivar a prática de mindfulness entre militares foi a Marinha dos Estados Unidos (conheça mais sobre mindfulness clicando aqui), e o Departamento de Defesa do mesmo país destina cerca de 2 milhões de dólares ao ano para o treinamento das forças armadas em mindfulness. No mesmo país, policiais dos estados de Oregon e Nova Iorque também passam por programas de mindfulness.
No Brasil também já existem iniciativas semelhantes, uma delas liderada pelo Centro Mente Aberta da UNIFESP, que já treinou mais de 200 policiais civis e militares do Estado de São Paulo em mindfulness, e está começando uma iniciativa inédita com a Marinha do Brasil, para oferecer mindfulness aos seus oficiais.
Vários estudos mostram os efeitos positivos da prática regular de mindfulness para policiais e militares, e já existem programas específicos para esses profissionais.
É bastante clara a relação entre usar as técnicas de mindfulness e a diminuição da impulsividade nesses profissionais, mediado pelo aumento da atenção plena e da empatia, o que resulta num melhor serviço à população, ademais da melhora da qualidade de vida desses agentes públicos. Os resultados apontam também para a diminuição de emoções negativas como a ira e dos sintomas de depressão, explicado pelo melhor manejo dos fatores de estresse.
Esses benefícios acabam se estendendo também às organizações policiais e militares, pois a prática de mindfulness melhora as habilidades socioemocionais e o consequentemente o clima organizacional.
Vamos praticar?
Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
Fonte – UOL
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