Cada vez mais falamos dos benefícios de praticarmos mindfulness, mas o tema ainda gera debate
entre profissionais e o público em geral.

Apesar de cada vez mais falarmos dos benefícios relacionados à prática de mindfulness (atenção plena, conheça mais), o tema ainda gera debate entre profissionais e o público em geral.

Uns defendem que se trata de mais um modismo, e outros clamam pelos estudos científicos que compravam sua eficácia. O mesmo tipo de discussão também ocorre dentro do mundo científico, como apoiadores dos dois lados (ver exemplo de um artigo científicono sentido negativo).

Uma das principais explicações para esse debate é que em qualquer novo campo de conhecimento, como mindfulness, sempre há dois movimentos, opostos e extremistas. Vejamos:

Uma “hype” (excesso de entusiasmo, defendendo mindfulness como “panaceia”, ou “cura de todos os males”), que em geral ocorre mais no início; e o “backlash” (reação no sentido oposto, defendendo mindfulness como “desprovido de qualquer evidência”), que geralmente acontece um tempo depois.

Essas visões “extremas” (“panaceia” ou “sem nenhuma evidência”) acabam atrapalhando a opinião pública, pois informam mal a população.

O ideal seria o “caminho do meio”, ou seja, uma visão mais realista e equilibrada sobre mindfulness e seus benefícios, falando do que está comprovado, e do que ainda não está, de maneira clara e objetiva.

Por exemplo, sabemos que existem muitas pesquisas importantes e bem-feitas que comprovam de maneira consistente os efeitos positivos de mindfulness em várias áreas, como a saúde. Existem mais de 5 mil artigos científicos sobre os protocolos de mindfulness, e muitas dessas pesquisas são de boa qualidade.

Os estudos de meta-análise, que são a melhor maneira para acessarmos os dados de maneira resumida e com qualidade, mostram que os treinamentos de mindfulness (cursos de 8 semanas – existem vários desses protocolos) são tão eficazes quanto outros tratamentos-padrão para casos de transtorno de ansiedade, depressão, dor crônica e dependência de álcool e drogas.

Existem dados consistentes também para a aplicação de mindfulness para crianças e professores (escolas), e para profissionais e organizações.

Por outro lado, sabemos também que existem muitas pesquisas preliminares e/ou de baixa qualidade,que acabam sendo divulgadas de maneira inadequada. Os programas de treinamento em mindfulness têm naturalmente suas limitações, não sendo bons para tudo e todos, possuindo indicações precisas, contraindicações, e necessitando de profissionais qualificados como instrutores para que realmente possam beneficiar as pessoas.

Assim, o nosso maior desafio é divulgar mindfulness e seus benefícios de maneira ética e científica,para que todos os interessados possam se beneficiar.

Vamos praticar?

Mande sua pergunta: Se você tem alguma dúvida ou curiosidade sobre mindfulness, atenção plena, ou neurociência do comportamento, por favor me escreva que terei prazer em abordar seu tema em textos futuros: demarzo@unifesp.br

Referências:
Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora
Palas Athena, 2015.

Para Saber Mais:
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde
– UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier
García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de
Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

Fonte: UOL