Mindfulness nos ajuda a ter menosimpulsividade e mais autocontrole

8 de março de 2019

Um aspecto muito positivo da prática da atenção plena ou mindfulness (saiba mais, clicando aqui) é o aprimoramento das habilidades de autocontrole em situações de impulsividade.

Práticas simples, que nos permitem fazer uma pequena pausa nesses momentos, como o exercício dos 3 passos de mindfulness, podem nos auxiliar nessas situações desafiadoras.

A capacidade de autocontrole ou autorregulação é geralmente desenvolvida na infância, mas pode e deve ser aprimorada na fase adulta. Ela tem a ver com a capacidade de direcionar conscientemente atenção, pensamentos, emoções e impulsos.

A capacidade de direcionar a própria atenção é o fator mais importante, pois permite que as pessoas escolham no que vão prestar atenção, sem deixar a mente à deriva. Sem a autorregulação da atenção, uma pessoa não está no controle das escolhas ou decisões que pode fazer. E a consciência das escolhas é o passo fundamental para ser menos impulsivo.

Isso é extremamente importante, por exemplo, para os indivíduos que lutam contra dependência, porque muitas vezes seus corpos e suas mentes operam no piloto automático. Essa falta de consciência sobre as escolhas faz com que continuemos a repetir padrões negativos de comportamentos, prejudicando a vida em geral e a nossa saúde em particular.

A autorregulação não tem a ver apenas com força de vontade, como costumamos pensar, pois envolve funções cerebrais e mentais complexas, que necessitam de treinamento, por exemplo, por meio das práticas de atenção plena.

Como sabemos, a atenção plena pode ser praticada durante todo o dia, de maneira formal ou informalmente, ao se levar a atenção plena intencionalmente a tudo que fazemos


Alguns exemplos de como podemos exercitar o autocontrole usando mindfulness:

  • Observando com mais consciência: prestando atenção nas sensações e observando como pensamentos, sentimentos e ações interagem entre si;
  • Agindo com mais consciência: prestando atenção plena ao que estamos fazendo, evitando as distrações e o agir de forma automática;
  • Descrevendo com consciência: encontrando as palavras certas para descrevermos o que estamos pensando ou sentindo naquele exato momento (chamamos isso de “etiquetagem”, ou seja, colocar uma “etiqueta” ou “nomear” o que estamos pensando ou sentindo);
  • Não ser crítico em relação à experiência: não criticar excessivamente nossos pensamentos ou sentimentos, estando aberto para o que está acontecendo dentro de si, sem precisar emitir um julgamento negativo, ou seja, validando nossas emoções;


Nesse sentido, todas as emoções têm um motivo de ser ou um sentido. A raiva pode ocorrer em resposta à sensação de injustiça ou ameaça, e pode sinalizar que a situação precisa mudar; a tristeza pode ocorrer em resposta a perdas, e pode sinalizar que
gostaríamos de manter as pessoas ou atividades que realmente damos valor em nossas vidas.

O problema na verdade é quando ruminamos (com pensamentos repetitivos e autodepreciativos) ou somos apanhados ou capturados por essas emoções, o que pode se tornar um sofrimento. E é exatamente quando a autorregulação emocional e da
atenção podem ser úteis.

Nesse sentido, é um equívoco comum achar meditação ou mindfulness servem para “esvaziar nossas cabeças” de emoções ou pensamentos ruins. Na verdade, o principal efeito positivo da atenção plena é realmente nos ajudar a nos tornarmos mais
conscientes e receptivos aos nossos sinais emocionais (independentemente de serem positivos ou negativos) –o que nos ajuda a ter mais controle sobre nossos comportamentos e a termos um pouco menos de impulsividade.

Por exemplo, quando sentimos raiva, podemos tentar observar nossos pensamentos (nomeá-los ou etiquetá-los) sem nos envolvermos com eles (sem sermos capturados). Podemos também prestar atenção nas sensações corporais que acompanham essa emoção, como o coração batendo mais acelerado. Prestando atenção ao modo como a emoção mobiliza seu corpo, deixa-nos conscientes daquela emoção e podemos atenuar ou eliminar os impulsos ou a reação exagerada que muitas vezes a acompanha.

Vamos praticar?

 

Referência:

Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.


Para saber mais:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

 

Fonte – Uol


Compartilhe

LEIA TAMBÉM

Uma mulher está deitada em um sofá com as mãos atrás da cabeça.
21 de março de 2024
Muita gente acredita que Mindfulness é apenas meditação ou uma forma de "esvaziar a mente", mas é muito mais do que isso. Na verdade, Mindfulness um estado natural de nossa mente, de maior foco e atenção, que pode ser treinado e desenvolvido por qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero ou condição social. Mindfulness significa estar mais atento e focado no que fazemos e sentimos, de forma consciente e sem distrações, seja no trabalho, em casa ou em momentos de lazer. Além de trazer mais bem-estar para o dia a dia, Mindfulness também oferece benefícios poderosos para a saúde mental . Ao praticar a atenção plena, conseguimos reduzir o impacto do estresse e dos pensamentos negativos repetitivos, diminuir a ansiedade e melhorar a regulação emocional. Isso ajuda no alívio de sintomas de estresse e depressão, trazendo mais equilíbrio e clareza mental para o dia a dia. Também pode ser um apoio essencial no tratamento de condições como a ansiedade crônica e até mesmo no manejo da dor, já que promove uma maior conexão entre corpo e mente. Além disso, é uma ferramenta valiosa para quem deseja desenvolver habilidades de liderança ou criar ambientes mais saudáveis e sustentáveis, tanto na educação quanto no ambiente de trabalho. O que é Mindfulness? (Assista ao vídeo do Dr. Marcelo Demarzo falando sobre os conceitos e benefícios de mindfulness comprovados pela ciência) PERGUNTAS MAIS FREQUENTES Mindfulness é religião? Não. Técnicas atuais de Mindfulness são desprovidas de qualquer conteúdo religioso ou sectário. Com origem em diversas tradições culturais, religiosas e filosóficas, as práticas de Mindfulness, assim como outras práticas contemplativas ou meditativas, têm sido cada vez mais integradas a clínica contemporânea, principalmente na medicina e psicologia, com base em evidências científicas sobre os seus benefícios. Em quais situações podemos utilizar Mindfulness? Os programas baseados em Mindfulness são indicados como terapias auxiliares em casos de: Ansiedade e depressão; Dor crônica; Dependência de álcool, tabaco e outras drogas; Quadros orgânicos de hipertensão, diabetes, AIDS e doenças inflamatórias intestinais; Obesidade e sobrepeso; Sintomas de “Burnout” (síndrome do esgotamento profissional); Transtornos mentais em geral. Qual o sentido de "aceitação" em Mindfulness? É importante ressaltar que aceitação em Mindfulness não é resignação, e sim olhar a realidade como ela se apresenta, sem julgá-la ou reagir no “piloto automático”, permitindo uma resposta mais efetiva (e menos reativa ou impulsiva) aos fatores de estresse do dia a dia. O que são IBM'S? As Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM) têm sido progressivamente aplicadas e reconhecidas como terapêuticas seguras, eficazes e efetivas, tanto para pessoas portadoras de doenças ou transtornos emocionais e mentais, como para indivíduos saudáveis, no âmbito da promoção e prevenção da saúde.
um livro chamado a ciência da compaixão tem uma flor de lótus na capa
Por Mente Aberta 8 de março de 2024
Livro com o título La Ciencia de la Compasión
uma mulher está digitando em um laptop em uma mesa.
Por Vanessa Costa Lima 24 de maio de 2023
Vamos começar te contando que há comprovação científica para a melhoria da saúde mental e da performance em ambientes corporativos onde se estimula a prática de Mindfulness. Mindfulness pode ser entendido como um treinamento do “músculo” da atenção, deixando nossa mente mais focada e menos dispersa no dia a dia, com mais consciência e menos […] O post Você se preocupa com a saúde mental no ambiente corporativo? apareceu primeiro em Mente Aberta Mindfulness Brasil.
TODAS AS LEITURAS
Share by: