Estratégias para levar mindfulness para o dia a dia: “práticas informais”

26 de agosto de 2019

O objetivo final dos programas de treinamento em mindfulness não é apenas aprender a meditar, mas sim levar o estado mental da atenção plena para a vida diária de forma duradoura, o que chamamos de “prática informal”.

É este processo que realmente gera mudanças no praticante de mindfulness, tanto psicológicas como físicas. Por outro lado, é muito difícil praticar mindfulness na vida diária se o praticante não “treina” a meditação formal (técnicas ou “práticas formais”).

Uma imagem que pode ajudar a entender melhor seria a de que não se pode dar um concerto de piano sem que se tenha praticado escalas e acordes por muitos anos; do mesmo modo, o laboratório onde o praticante treina para conseguir manter a atenção plena no dia a dia é a meditação formal.

Não é tão simples aplicar atenção plena à vida diária. Talvez você já tenha tentado algumas vezes, usando apenas a força de vontade. Com sorte, você manteve a atenção plena no que estava fazendo durante um ou vários minutos, mas logo em seguida você provavelmente foi absorvido pelo redemoinho do mundo e, somente várias horas depois,
lembrou-se da intenção de permanecer atento.

Para navegar pelo mar da vida diária com o barco da atenção plena, é preciso adotar uma série de dicas ou estratégias para não naufragar no primeiro dia. A seguir comento uma dessas estratégias, que considero de mais fácil aplicação:


Dividir o dia em partes facilita as práticas informais

Um dia inteiro, descontando-se as horas de sono, possui pelo menos 14 horas. Ninguém tentaria fazer uma meditação formal com essa duração. Entretanto, quando consideramos fazer uma prática informal de mindfulness, costumamos nos desafiar com períodos de duração semelhantes a isso, o que é um convite ao fracasso. A mente se
cansa e requer períodos de tempo mais curtos e objetivos concretos (e que possam ser variados, de modo a aumentar o interesse).

Uma melhor estratégia é dividir o dia em 4 ou 5 períodos é razoável. A tradição zenbudista costuma usar as refeições como ponto de referência, em parte porque é o momento em que a comunidade se reúne e, portanto, é o melhor momento para informar horários e tarefas.

Seguindo esse esquema sensato, podemos dividir o dia nos seguintes períodos:

  1. Do despertar ao café da manhã;
  2. Do café da manhã ao almoço;
  3. Do almoço ao jantar (esse período acaba sendo mais longo em alguns locais, podendo ser subdividido em dois, tomando-se como referência o lanche da tarde);
  4. Do jantar até a hora de dormir.


Em cada um desses períodos, o mais importante é definir a intenção ou objetivo específico. Por exemplo, no período da manhã, ao nos levantarmos, podemos especificar que nosso objetivo seria fazer uma parte do café da manhã com atenção plena (5 minutos ou um pouco mais), deixando o celular ou qualquer outro estímulo de lado.

Assim, o ideal é conseguirmos estabelecer um objetivo específico em cada um dos períodos com os quais dividimos o dia.

Vamos praticar?


Referência:

Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação.
Editora Palas Athena, 2015.

Para saber mais sobre mindfulness:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

 

Fonte – UOL


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