Hoje comento sobre alguns aspectos do funcionamento da mente que podem ser modificados com a prática da atenção plena (mindfulness). É importante relembrar que as potenciais mudanças aparecerão à medida que se pratica de maneira regular, idealmente na maioria dos dias da semana.
Aqui podemos usar uma imagem para entender melhor: a de adestrar um “cavalo” selvagem (a mente desprovida do treinamento da atenção). À medida que adestramos “o cavalo selvagem” (a mente) por meio do treinamento da atenção, a mente pode ser “montada”, ou seja, podemos observar nossos processos mentais e corporais sem “cair” (sem ser capturado por eles nem reagir de modo inadequado ou disfuncional), inclusive em momentos difíceis, como em situações de alto nível de estresse ou frustrações.
Assim, com o treinamento, a nossa consciência aparece nitidamente como “observadora” mais consciente de tudo que acontece, como “testemunha objetiva”, mais imparcial, dos processos mentais e corporais (sensações, pensamentos, sentimentos e emoções).
A mente está continuamente falando consigo mesma sobre o nosso “eu” (ego) e sua relação com o mundo, o que podemos chamar de “diálogo interno”, que eventualmente pode se tornar repetitivo e autodepreciativo (situações que chamamos de “ruminação mental”).
Com o exercício regular de mindfulness, começar a aparecer um maior espaço de “silêncio interno”, em contraposição ao “diálogo interno” excessivamente ativado na maior parte do tempo, dando maior margem ao aparecimento de maior consciência dos processos corporais (por exemplo, a respiração, a postura e o movimento). Ao mesmo tempo, ficamos menos “grudados” em nosso “diálogo interno”, percebendo os fenômenos mentais de modo mais objetivo e sem apego.
Com a diminuição do “diálogo interno”, os pensamentos e as emoções são observados sem o mecanismo de sobreidentificação (ficar “grudado” e hiper-reativos a eles), a imagem do “eu” pode mudar aos poucos.
A habitual ideia rígida e determinista de como “eu” sou pode se modificar com o tempo, tornando-se mais dinâmica e flexível. Essa mudança, que pode ser notada na linguagem (por exemplo, não usar continuamente o pronome “eu”), permite maior liberdade para prosseguirmos, pois não nos converte em produtos acabados, permitindo a evolução constante.
Todos os pontos anteriores podem implicar no desenvolvimento de uma maior sensação de paz e bem-estar.
Vamos praticar?
Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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