O que são emoções e como elas podem impactar no dia a dia

13 de agosto de 2019

A psicologia define as emoções como uma ampla gama de fenômenos, que incluem “sentimentos”, “pensamentos”, “sensações corporais”, e “tendência a agir” (impulsos), que surgem quando entramos em contato com as situações de nosso dia a dia. Ou seja, as emoções são um tipo de “linguagem” (mental e corporal) que nos permite “ler” e mediar os acontecimentos em nossa vida.

Usemos como exemplo uma emoção de raiva após sermos insultados por alguém com quem temos um conflito, ou simplesmente por alguém nos buzinar no trânsito. O sentimento é de raiva, o pensamento pode ser de crítica à outra pessoa, a tendência a agir (certamente reprimida) consiste em agredir (verbal ou fisicamente) o outro, e as sensações incluiriam tensão muscular, palpitações e os sintomas próprios de um acesso de raiva.

Embora estes quatro elementos estejam presentes, o fenômeno mais visível e que identificamos mais claramente é o sentimento.

Entre os diversos fenômenos mentais e corporais que exploramos em mindfulness (sensações, pensamentos e emoções), sem dúvida as emoções constituem o fenômeno (mental e corporal) que mais nos absorve e com o qual mais nos identificamos (ficamos “grudados”).


As emoções se destacam frente aos outros elementos devido a duas razões principais:


  1. Possuem um significado pessoal (já que se estruturam com base na imagem que
    temos de nós mesmos, de nosso “eu”);
  2. Surgem no contexto relacional (a maioria é produzida por aquilo que os outros dizem
    ou pensam de nós ou por aquilo que pensamos que os outros pensam ou sentem a nosso
    respeito).


Como as emoções interferem na nossa interpretação das situações do dia a dia?

Continuamente recebemos milhões de dados do ambiente externo, no entanto só conseguimos processar uma pequena parte, aqueles dados aos quais dedicamos nossa atenção. Conforme a citação clássica de William James, um dos pais da psicologia, “Minha experiência é aquilo a que decido prestar atenção”.

A partir dessa perspectiva, um dos problemas é que as emoções desviam nossa atenção aos estímulos que lhes são próprios. Por exemplo, a ansiedade produz um viés psicológico de modo que prestamos mais atenção aos estímulos ansiosos, o qual perpetua o ciclo.

Por exemplo, vamos imaginar que desenvolvemos por alguma razão uma emoção de desespero ou desesperança; qualquer acontecimento que nos ocorra, mesmo que normal (como não ser aceito em uma entrevista de trabalho) será distorcido cognitivamente por nossa mente e interpretado como mais uma razão para desesperar-se (“Sou um inútil, nunca conseguirei trabalho”).

O estado “metacognitivo” (de autopercepção) que desenvolvemos com a prática regular de mindfulness pode moderar esses conteúdos mentais angustiantes (e que desviam nossa atenção) mediante o “descentramento”, ou seja, a ausência de apego a nossas emoções e pensamentos (ficamos menos “grudados”), podendo nos “centrar”
intencionalmente (mesmo que por alguns instantes) apenas no próprio corpo (por exemplo na respiração).

Assim, a prática regular da atenção plena pode nos ajudar a entender e regular melhor nossas emoções (veja aqui um texto recente sobre esse tema, para aprofundamento).

Vamos praticar?


Referência:

Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação.
Editora Palas Athena, 2015.

Para saber mais sobre mindfulness:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade
de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

 

Fonte – UOL


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