A vida não é boa nem má, simplesmente é: aplicando a reavaliação positiva

27 de agosto de 2019

Os acontecimentos da vida podem sempre ser interpretados de modo positivo ou negativo. Um exemplo: uma depressão pode ser interpretada como uma fraqueza ou como uma oportunidade para mudar de vida.

Através da autorreflexão consciente, que pode ser desenvolvida com a prática regular da atenção plena (mindfulness), podemos perceber essas nuances e alternativas, e sabemos que uma das formas mais adaptativas de reagir ao estresse – e que se acredita estar na base da resiliência –é o que se denomina “reavaliação positiva” dos fatos.

Define-se como um processo de adaptação a partir do qual os processos estressantes são reavaliados como benignos, benéficos ou significativos. Mindfulness permitiria uma avaliação “metacognitiva”, que seria livre de preconceitos e atenta à percepção, cognição e emoção, sem influência do passado e sem preocupação pelo futuro.

Para compreender melhor como se dá esse processo, podemos recordar a imagem utilizada em meu post anterior, a de adestrar o “cavalo” selvagem de nossa mente, por meio do treinamento da atenção, e assim podemos “cavalgá-lo”, quer dizer, podemos observar nossos processos mentais, corporais e emocionais com certa distância, permitindo a reavaliação positiva.

O estado metacognitivo de mindfulness pode moderar os conteúdos mentais angustiantes mediante o descentramento –a ausência de apego a nossas emoções e pensamentos. Esse desapego do conteúdo dos processos mentais e centrarse apenas no próprio processo permitem desembaraçar-nos de nossas histórias, em geral negativas, da imagem que temos de nós mesmos e do ambiente que nos condiciona.

Tudo isso nos proporciona maior flexibilidade cognitiva. Desta forma, o indivíduo não está condicionado por seu passado e pode voltar a reavaliar tudo o que lhe aconteceu de uma forma mais positiva. Essa avaliação positiva produzirá emoções positivas, como o amor, a compaixão ou a confiança.

Isso se reforça com uma prática denominada “saborear”, muito comum nos treinamentos de psicologia positiva e também de mindfulness: consiste em centrar a atenção conscientemente em situações agradáveis e simples, que ocorrem normalmente em nossa vida (o pôr-do-sol, uma refeição, um café com os amigos).

As técnicas de “saborear” rompem a dinâmica da preocupação e a incapacidade de experimentar o prazer, que são típicas das situações de estresse crônico (ou de qualquer doença física ou psicológica).

Vamos praticar?


Referência:

Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.

Para saber mais sobre mindfulness:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)

www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

 

Fonte – UOL


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