É só para budistas? Veja mitos e preconceitos sobre Mindfulness

15 de fevereiro de 2018

Como mindfulness tem relação com tradições orientais como o budismo, e ainda é pouco conhecido no Ocidente, surgem uma série de mitos e preconceitos sobre o assunto, o que podem virar uma barreira para as pessoas iniciarem a prática em sua rotina.


Na sequência, comento alguns deles:


Só orientais ou budistas podem praticar mindfulness O mindfulness é patrimônio da humanidade. Trata-se de uma qualidade inata da mente humana, independente de etnia, religião ou cultura. Assim, qualquer pessoa pode praticar e obter os benefícios associados a esta técnica.


A posição (postura) é um impedimento

Mindfulness não requer qualquer tipo de postura oriental de difícil execução (por exemplo, a posição de lótus). Embora essas posturas clássicas de meditação possam ser utilizadas, dá para praticar sentado em uma cadeira normal. De fato, mindfulness pode ser feito mesmo por pessoas com algum tipo de incapacidade ou com restrição de mobilidade. A imobilidade absoluta, fortemente recomendada em disciplinas como o zen-budismo, também não se aplica a essa prática.


Além de ser uma técnica que a ciência ainda não comprovou, é difícil de aprender.

Estudos demonstram que um programa de treinamento padrão de apenas oito sessões de mindfulness (feito uma vez por semana, durante aproximadamente dois meses) permite uma sólida base de aprendizagem e facilita a continuidade da prática por toda vida.

Aliado a uma prática pessoal diária de 15-20 minutos, esses programas produzem mudanças importantes e significativas na saúde e no bem-estar das pessoas. Existem evidências em exames de neuroimagem, que mostram adaptações cerebrais positivas associadas à prática regular de mindfulness (um exemplo é o cérebro, que aparentemente deixa de diminuir com a idade).


A prática é egoísta e nos afasta da vida

Sentar-se para meditar pode parecer uma prática egoísta em comparação a outras atividades de forte caráter social. Entretanto, praticar mindfulness nos ajuda a entender nossos comportamentos e ainda aumenta nossa capacidade de ter empatia com outros seres humanos. Assim, de um modo natural, as pessoas que praticam mindfulness desenvolvem um compromisso social progressivo e natural, lidando melhor com as relações humanas no dia a dia.


É a cura de todos os males

Uma ideia errônea e frequente é pensar que essas práticas são eficazes contra todas as doenças e que podem substituir outros tratamentos, tanto psicológicos como farmacológicos. O mindfulness, porém, não se aplica a tudo, pois suas indicações são precisas e baseadas em evidências científicas. Quando usado como psicoterapia, deve ser conduzido exclusivamente por um profissional. Pode, porém, ser associado a tratamentos farmacológicos, sem qualquer problema.


Não tem efeitos secundários.

Mesmo sendo uma técnica tão segura, o mindfulness pode produzir alguns efeitos inesperados. De forma geral, são sensações físicas ou emocionais temporárias, que podem surgir ocasionalmente durante a prática – sobretudo em principiantes– ou em tempos muito intensos ou prolongados de meditação, o que não é o caso dos programas de mindfulness contemporâneos.


Vai deixar a mente “em branco” ou suprimir as emoções.

A mente sempre produzirá pensamentos e emoções. E o objetivo de mindfulness é fazer seu praticante mais consciente do processo de produção de pensamento e emoções, podendo lidar com os mesmos de maneira mais efetiva, mas sem deixar de pensar ou de sentir. No próximo post falaremos sobre como é comer de maneira “mindful”, ou seja, de uma forma mais consciente, trazendo benefícios para a saúde e ainda perda de peso. Até lá!


PARA SABER MAIS

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)


www.goamra.org (American Mindfulness Research Association, Estados Unidos, informações em inglês)


www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

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