A cada edição das olimpíadas grandes conquistas, superações e até dificuldades dos melhores atletas do mundo se tornam alvo de inspiração e de atenção para a humanidade.
Já faz algum tempo que a saúde mental vem sendo debatida como uma das principais ferramentas de performance dos profissionais do esporte, mas a edição de Tókio 2020 nos chama atenção ainda maior para o tema.
Apesar do intenso treinamento físico que dedicaram por anos para conquistar uma vaga na disputa mais acirrada do mundo, atletas de elite demonstraram que a saúde mental comprometida pode lhes tirar da competição antes mesmo de participarem. Foi o que ocorreu com Simone Biles, ginasta americana que estava predestinada a se tornar a rainha dos Jogos e desistiu da competição por equipes alegando problemas de saúde mental; ou com a australiana Liz Cambage, uma das melhores jogadoras de basquete do mundo, que uma semana antes da estreia, pelos mesmos motivos, também decidiu que não iria competir em Tóquio.
A lista de profissionais que tem assumido publicamente suas fragilidades emocionais é longa – e é interessante que tenha vindo à tona. Afinal, cenários como esse nos levam a refletir a que ponto estamos chegando, também, em relação a saúde mental e emocional da população em geral, e o quanto isso vem afetando a performance de profissionais em todo o mundo, para além do esporte.
O que nem todos sabem é que alguns atletas de elite já têm buscado a meditação e outras técnicas de Mindfulness (Atenção Plena) como instrumento de trabalho, para melhorar a performance física, diminuir o surgimento de lesões e aprimorar a forma como lidam com a pressão e os desafios das competições.
“Se o cérebro é um músculo, também precisa ser treinado”, citou Álex Abrines em matéria recente no jornal El País. O atleta, que compete pela seleção espanhola de basquete em Tóquio. revelou como a depressão o levou a deixar a modalçidade quando jogou pelo Oklahoma City na NBA e defende uma maior presença de psicólogos e especialistas em saúde mental nas equipes esportivas.
De fato, pesquisas apontam que o treinamento de Mindfulness pode ajudar os atletas de várias maneiras: melhorando a qualidade do sono (o que auxilia a recuperação muscular), auxiliando no manejo da dor (muito comum no esporte de alta intensidade), prevenindo lesões, melhorando a saúde mental e, como consequência, a qualidade de vida e o desempenho esportivo.
No Brasil, o Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – Mente Aberta, ligado à Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, também realiza estudos com atletas, incluindo seleções olímpicas e paralimpicas. A Seleção Brasileira Paralímpica de Bocha iniciou um treinamento de Mindfulness em julho de 2019, com o Centro Mente Aberta, tendo como principal objetivo melhorar a performance da equipe, em especial a resiliência mental dos atletas. O treinamento também faz parte de uma pesquisa de mestrado sobre o protocolo “Mindfulness-Based Health Promotion” (MBHP), desenvolvido pelo médico Marcelo Demarzo, coordenador do Centro Mente Aberta, e aplicado ao esporte de alto rendimento.
Outro estudo já havia sido aplicado na Seleção Brasileira de Handebol, que disputou as Olimpíadas de 2016, no Rio, e obteve seu melhor desempenho nos Jogos até aquele momento.
Fonte: Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde (UNIFESP).
Para mais informações sobre pesquisas em Mindfulness, esportes e outros contextos, acesse: https://mindfulness.unifesp.br/pesquisas
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