Um aspecto fundamental que desenvolvemos ao praticar a atenção plena (mindfulness) é a possibilidade de usar o próprio corpo para lidar melhor com as emoções, em especial a mais difíceis, como a raiva. Esse tipo de emoção é muito potente, e nos captura facilmente, gerando mal-estar e reatividade ou impulsividade.
Uma maneira de começarmos a fazer isso (usar mindfulness para lidar melhor com as emoções difíceis) é trabalharmos sobre as emoções por meio de seus “sintomas” ou elementos, desmembrando a emoção em seus componentes. Existem duas formas menos complexas de fazermos isso:
Dos três fenômenos mentais básicos (pensamento, emoção e sensação), o mais de fácil acesso para se trabalhar é a sensação corporal. Assim, quando nos vemos tomados por uma emoção mais difícil, uma alternativa é deslocarmos o foco da atenção para as sensações que ela provoca (a “prática dos três minutos ou três passos” de mindfulness pode se aplicar a essas situações).
Procuraremos então estarmos um pouco mais conscientes de quais alterações corporais estão sendo produzidas pela emoção, por exemplo: palpitações, frequência respiratória, tensão muscular, e em quais regiões do corpo se localizam.
Ao levarmos nossa atenção às sensações físicas das emoções difíceis, conseguimos nos tornar mais conscientes do que elas provocam em nosso corpo, e, ao mesmo tempo que validamos aquela emoção, não nos deixamos levar facilmente pelos pensamentos negativos que elas geralmente nos geram, amenizando um pouco a situação, e diminuindo a chance de cairmos na reatividade ou impulsividade (comportamentos inadequados).
Esta aproximação é mais difícil que a anterior, pois lidar com pensamentos resulta mais penoso do que com as sensações. Normalmente, constitui um passo posterior. O objetivo seria, por meio da atenção a um ponto do corpo (por exemplo, a respiração), observar com certo distanciamento os pensamentos vinculados àquela emoção, e “deixá-los passar” (não se engajar com os mesmos).
Se damos menos atenção aos pensamentos que estejam vinculados a uma determinada emoção, esta não se desenvolverá com tanta intensidade. Restarão mais evidentemente as sensações corporais – em geral desagradáveis–, que poderemos vivenciar como observadores “curiosos”, notando, por exemplo, que elas se atenuam naturalmente com o tempo (desde que não as alimentemos com mais pensamentos negativos).
Estas duas estratégias que apresentei não são excludentes, embora idealmente possam ser feitas na sequência.
Vamos praticar?
Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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