Até há poucos anos atrás, os retiros de meditação eram geralmente destinados a pessoas altamente motivadas ou com a intenção de aprofundamento em prática espirituais e religiosas.
Com a popularização da meditação, em especial de mindfulness (conheça mais clicando aqui), os retiros também têm se tornado cada vez mais comuns e laicos (não-religiosos).
Vou comentar aqui em especial sobre os retiros ditos “laicos”, ou seja, não vinculados a tradições religiosas ou espirituais. Esses retiros continuam sendo mais voltados a pessoas motivadas, e que, em geral, já passaram por programas introdutórios de
meditação ou mindfulness (no caso de mindfulness, os famosos programas de 8 semanas como o MBSR–conheça aqui), ou seja, que já possuam uma prática regular das técnicas.
Em geral, a maior parte do retiro é vivenciada em silêncio, e o mesmo pode durar, em média, de 2 a 10 dias, existindo também retiros de vários meses ou anos (esses mais ligados à espiritualidade). Ao longo do dia se mesclam momentos de práticas
meditativas em grupo ou individuais, com intervalos de silêncio e descanso entre as práticas. A maioria das refeições também é feita em silêncio.
Aqui o silêncio é o “silêncio contemplativo”, ou seja, o silêncio com atenção plena aos fenômenos internos (pensamentos, emoções, impulsos e sensações físicas) e externos (ambiente, pessoas, alimentos, etc.). Evita-se então qualquer estímulo que possa
interromper esse estado mental, como conversas, comunicações não-verbais, e em especial os celulares. Mesmo a leitura de livros é evitada em algumas situações.
Como já comentei, é recomendável que as pessoas já tenham experiência prévia em mindfulness ou meditação antes de participarem em retiros mais aprofundados de práticas.
Em especial, pessoas com condições psiquiátricas agudizadas (sintomas moderados ou intensos), ou não tratadas adequadamente, não devem participar de retiros, devendo procurar seus terapeutas para orientações específicas. Nesses casos, há riscos de piora do quadro de saúde, e até mesmo de surtos psicóticos.
Um benefício bastante evidente é o aprofundamento nas práticas meditativas e de mindfulness, em especial as mais longas, o que somado aos momentos de silêncio, podem intensificar os benefícios próprios dessas práticas.
As pesquisas também compravam esses benefícios, e sabemos por meio dos estudos científicos que a participação em retiros melhoram aspectos cognitivos (melhora da atenção e capacidade de memória) e emocionais, além de efeitos neurofisiológicos
como a menor produção de cortisol (“hormônio do estresse”) e efeitos sobre os telômeros, que têm a ver com nosso processo de envelhecimento.
Vamos praticar?
Garcia-Campayo & Demarzo. ¿Que sabemos de Mindfulness? Kairós Editorial, 2018.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
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