Como mindfulness pode ajudar pessoas com ansiedade

13 de abril de 2018

Historicamente, a ansiedade foi um dos primeiros transtornos abordados pelos programas de mindfulness, mais especificamente pelo MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction), criado por Jon Kabat-Zinn em 1979. Em seus artigos seminais, ele primeiro descreveu o uso da prática em pacientes com dor crônica e, em seguida, os benefícios do programa para pacientes com transtornos de ansiedade. Os resultados foram promissores desde então.

Antes de mais nada, vale lembrar que a ansiedade não é um problema ou uma doença. Sentir ansiedade é uma condição inerente à vida humana e permite que o indivíduo se prepare para situações de ameaça e perigo (desde as mais simples, como falar em público, até as mais complexas, como aquelas que colocam a vida em risco). O problema é quando os níveis de ansiedade ou preocupação são desproporcionais às situações que os geram e, principalmente, quando essas respostas exacerbadas se mantêm de modo persistente por longos períodos, caracterizando então os transtornos de ansiedade.


Como mindfulness pode ajudar nessas situações?

Estudos recentes mostram que os programas de mindfulness são claramente eficazes nos transtornos de ansiedade isolados ou quando se apresentam com sintomas de depressão. Os resultados apontam também para a menor reatividade ao estresse cotidiano, redução da preocupação excessiva e melhora da qualidade do sono; além da diminuição da sintomatologia ansiosa associada a doenças médicas como AIDS, câncer, síndrome síndrome do cólon irritável.

Os benefícios ocorrem independentemente da intensidade dos sintomas e são provenientes de uma melhor regulação emocional, ou seja, as pessoas conseguem entender e lidar de forma mais eficaz com seus sentimentos e emoções. A prática também ajuda o indivíduo a diferenciar ameaças reais de crenças e ideias equivocadas sobre a realidade.

A base para essas conquistas é o que chamamos de “descentramento” (decentering), capacidade metacognitiva, ou de auto-observação consciente, que os praticantes de mindfulness treinam e cultivam. Nessa habilidade, os pensamentos e imagens mentais não são considerados como se fossem “fatos” ou “realidades”, mas sim “eventos mentais”, podendo ter valor ou não.

O “descentramento” é adquirido por meio de técnicas simples, como a prática de três minutos de mindfulness (clique aqui para conhecer e praticar), desde que feita de maneira regular e continuada.

No próximo post falaremos sobre como a atenção plena pode ajudar no uso mais consciente da internet e das redes sociais, até lá!


Referência:

Demarzo M, Garcia-Campayo J & Cebolla A. Mindfulness e Ciência. 1. ed. São Paulo: Editora Palas Athena, 2016. v. 1. 240 p.


Para saber mais:

www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP) www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)

www.goamra.org (American Mindfulness Research Association, Estados Unidos, informações em inglês)

www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)

 

Fonte – Uol

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