Do ponto de vista dos aspectos psicológicos da vida, damos pouca importância ao corpo, já que intuitiva e tradicionalmente damos maior preponderância ao intelecto. A mente sempre foi considerada como o lugar onde se produz a vida intelectual e psicológica, e o corpo não teria nenhum papel nesse contexto.
Por outro lado, as tradições orientais sempre mantiveram uma ideia um pouco distinta, considerando o corpo tão importante quanto a mente para o equilíbrio do indivíduo. Foi ali que nasceram as denominadas técnicas mente-corpo, que vão desde as artes marciais até a ioga.
Nos últimos anos, as pesquisas científicas têm confirmado essa ideia da importância do corpo para o nosso equilíbrio também do ponto de vista do contexto psicológico. Já foi demonstrado que as percepções interoceptivas (do interior do corpo, incluindo as sensações físicas das emoções) modificam de forma significativa nossos pensamentos, e vice-versa.
Por exemplo, pacientes deprimidos modificam sua postura habitual para uma outra mais encurvada, contraída e fechada (ao invés de uma postura mais aberta, relaxada e ereta, típica de pessoas com bem-estar psicológico). Assim, a partir desses estudos, já se pode melhorar o diagnóstico da depressão via a análise da postura corporal.
E o caminho inverso é verdadeiro, podemos mudar o estado de ânimo de uma pessoa trabalhando sua postura corporal (sem necessariamente uma intervenção psicológica).
Do ponto de vista de mindfulness, o corpo e a respiração são chave, pois estão sempre no presente, objetivo essencial da meditação. É por essa razão que são considerados as principais “âncoras” da prática de mindfulness.
As emoções e os pensamentos não seriam úteis como pontos de ancoragem, pois se encontram mais frequentemente no passado e no futuro do que no presente. A prática via corpo, por outro lado, “reinicia” a mente, permite que se saia de ciclos ruminativos (pensamentos repetitivos, em geral, autodepreciativos), e também é muito útil para lidar com as emoções via reconhecimento das mesmas no corpo, observando desde outra perspectiva. Ou seja, o corpo se torna uma ferramenta de saúde mental.
De maneira habitual o que fazemos é nos perder nos pensamentos associados às emoções, o que gera mais emoções, em geral negativas, em um ciclo interminável.
Em mindfulness, por outro lado, focamos nas sensações corporais da emoção, o que nos permite desativar os pensamentos negativos associados, e assim prevenir ou atenuar os principais transtornos psicológicos.
Vamos praticar?
Demarzo & Garcia-Campayo. Manual Prático de Mindfulness: curiosidade e aceitação. Editora Palas Athena, 2015.
www.mindfulnessbrasil.com (Mente Aberta – Centro Brasileiro de Mindfulness e Promoção da Saúde – UNIFESP)
www.webmindfulness.com (WebMindfulness – Grupo de Pesquisa Coordenado pelo Prof. Javier García-Campayo – Universidad de Zaragoza, informações em espanhol)
www.umassmed.edu/cfm (Centro de Meditação “Mindfulness” na Medicina, Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, informações em inglês)
Fonte – Uol
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