Explicação detalhada das cinco características essenciais do Domínio 2
Característica Essencial 1: Autenticidade e poder – relacionando-se de uma forma genuína,
honesta e confiante
O instrutor é honesto e aberto em seu relacionamento com os participantes. Ele se
relaciona de uma forma naturalmente alinhada com a forma como ele é enquanto
pessoa. Sua expressão facial é congruente com a emoção sentida na sala e com a
expressão verbal usada.
Em vez de se deixar levar por reações habituais e automáticas, as palavras do instrutor
são respostas conscientes, firmemente baseadas no conhecimento do que é percebido e
sentido internamente, transmitindo assim autenticidade e congruência aos participantes.
Existe um senso de fluidez, naturalidade e presença (i.e., a forma como o instrutor se
coloca dentro daquilo que ele ensina permite uma sensação da pessoa que ele ou ela é).
Existe uma sensação de honestidade sobre quem o instrutor é, então não é difícil
perceber quem ele é como pessoa.
N.B. Isto se sobrepõe à incorporação. Essa característica essencial diz respeito a
como a autenticidade se expressa quando o instrutor se relaciona com os
participantes.
Característica Essencial 2: Conexão e aceitação – ativamente cuidar, se conectar
e se sintonizar com os participantes e com sua experiência no momento, e
transmitir de volta a eles uma compreensão empática e acertada dessa
experiência vivida.
Essa característica se refere à habilidade que o instrutor deve ter de se ‘afinar’ ou
empatizar com aquilo que o participante está expressando. Essa habilidade se relaciona
com o quanto o instrutor consegue entrar no mundo do participante, ver e experienciar a
vida da forma como o participante experiencia, e transmitir essa compreensão de volta ao
participante. Competências de escuta ativa são essenciais para um ouvir e responder
empáticos, e inclui o uso apropriado de perguntas abertas. A empatia é transmitida
pela habilidade que o instrutor tem de conscientizar o participante que suas
dificuldades estão sendo reconhecidas e compreendidas. O instrutor faz uso de
paráfrases acuradas tanto do conteúdo daquilo que é expresso pelo participante quanto
do tom emocional transmitido. O instrutor demonstra um interesse genuíno pela
‘realidade interna’ do participante e comunica (por meio de respostas apropriadas
verbais e não verbais) entendimento suficiente para ajudar o participante a se sentir
compreendido. O instrutor está totalmente disposto a ‘ir ao encontro’ de cada indivíduo
onde ele ou ela se encontra naquele momento, a responder sintonizado com o que se
apresenta e a explorar e honrar a experiência em questão do jeito que ela é. Existe um
claro movimento entre conectar-se com o indivíduo, dar atenção a sua experiência, e ser
responsivo a ela.
Durante as conversas com os participantes ao longo da aula, o instrutor estará
conferindo se houve uma precisão real da compreensão (e.g. ‘Então, deixa eu
conferir se estou compreendendo isso corretamente…’ e ‘Então, você notou que…’)
O instrutor irá demonstrar uma linguagem corporal atenta (e.g. contato visual, gestos
encorajadores, expressões faciais positivas e acenos com a cabeça, etc.)
O respeito é inerente a essa característica e inclui trabalhar com sensibilidade em
relação à diversidade cultural e o respeito pelas diferenças.
Característica Essencial 3: Compaixão e Afeto– transmitir uma consciência profunda,
sensibilidade, apreciação e abertura à experiência dos participantes
O instrutor demonstra afeto e amizade, ouve com plena atenção, agradece aos
participantes por suas contribuições e é encorajador e apoiador.
Enquanto a empatia é o sentimento de ‘sentir com’ um outro ser, a compaixão é o
movimento na mente que busca ‘sentir com’ o sofrimento. Ao se ter uma relação de real
contato, existe uma sensação de que este indivíduo que está aqui comigo realmente
importa. Para que a compaixão seja autêntica, ela precisa reconhecer e apreciar a
soberania de cada indivíduo. Diferentemente da simpatia ou do sentimento de pena, ela
eleva a auto estima do outro e cultiva a dignidade humana. Existe, consequentemente, o
reconhecimento da humanidade da experiência, de saber que em um outro momento
poderá ser a minha vez de estar ‘no fogo’ da experiência dolorosa. A compaixão é
acompanhada assim de humildade e reconhecimento da interconexão existente
(i.e., minha habilidade de ser compassivo e generoso não me torna melhor que o
receptor). A compaixão fortalece nossa habilidade de mantermos nossa
humanidade e estarmos abertos às experiências dos outros. A compaixão é
expressa principalmente quando uma experiência dolorosa se apresenta. A atitude
calorosa é um aspecto da compaixão, pois uma pessoa afetuosa transmite aos
outros uma sensação da outra pessoa ser apreciada, respeitada e aceita.
Característica Essencial 4: Curiosidade e Respeito – transmitir um interesse genuíno
por cada participante e sua experiência, ao mesmo tempo respeitando a
vulnerabilidade, os limites e a necessidade de privacidade de cada participante.
O estilo relacional do instrutor engaja os participantes emuma exploração ativa da sua
própria experiência em vez de depender da perícia do instrutor. Além disso, o instrutor
traz uma curiosidade gentil viva para as explorações que acontecem na sessão. O
instrutor tem um alto grau de responsabilidade não só de criar as condições
necessárias para que a aprendizagem aconteça, mas também de assegurar-se que os
participantes se responsabilizem pelo próprio processo de ensino. A intenção é
empoderar os participantes para que cheguem a perceber que eles são os
especialistas de sua própria experiência e que já têm um ‘fundo de habilidades e
experiências relevantes’ (Segal et al., 2012). Isso é demonstrado de uma série de
maneiras, incluindo o convite incisivo para que cuidem de si mesmos durante o
processo de aprendizagem, e só seguirem orientações e participarem tanto quanto
for apropriado e certo para eles. Não existe um resultado pré-estabelecido, no sentido
de que o instrutor não está tentando forçar uma mudança, mas sim oferecendo um
espaço no qual os participantes podem se engajar na exploração do momento presente.
O instrutor convida os participantes a explorarem a sua experiência, a moverem-se em
direção à experiência dolorosa e a trazerem curiosidade para tudo o que ocorre. Isso é
feito com profunda sensibilidade e respeito às vulnerabilidades e limites dos participantes,
da forma como estão naquele momento.
Durante a prática, o instrutor pede permissão aos participantes para aprofundar a
exploração ou não, enquanto se engajam nela conjuntamente (e.g., ‘Até aqui basta
ou prosseguimos mais um pouco?’ ou ‘você se importaria se explorássemos isso
juntos mais um pouco?) O instrutor demonstra consciência das vulnerabilidades e
da necessidade de privacidade dos participantes e tem respeito por elas (e.g. o
instrutor irá prosseguir para outro assunto se o participante escolher não
compartilhar), e respeita também os limites e requerimentos próprios da população
em particular sendo ensinada naquele momento.
Característica Essencial 5: Reciprocidade – engajar-se com os participantes em um
relacionamento de trabalho mútuo e colaborativo.
Uma característica essencial do estilo relacional entre participantes e instrutor é o
senso de reciprocidade e exploração compartilhada. Os processos da mente sob
investigação entram em uma continuidade de experiências com as quais qualquer
pessoa pode se identificar. É impossível para os instrutores se separarem do
processo de investigação. De acordo com o espírito de aventura central a esse
estilo de aprendizagem, o processo de investigação nas sessões se torna um
empreendimento colaborativo entre todos os envolvidos – existe uma sensação de
‘jornada conjunta’ e de um processo de aprendizagem altamente participativo
envolvendo todos, participantes e instrutor ao mesmo tempo.
O uso apropriado do humor pode ajudar a promover o engajamento, e uma disposição e
abertura para se dedicar à aprendizagem e à exploração, assim como estabelecer e
manter um relacionamento eficaz e colaborativo.